reflexos da greve

Comércio, indústria e hotelaria já sentem os efeitos da greve dos caminhoneiros


Foto: Renan Mattos (Diário)
No Moinho Santa Maria, cerca de 300 funcionários foram dispensados e só voltarão a atuar quando a produção começar a ser escoada. O produto está à espera do fim da greve dos caminhoneiros

A greve dos caminhoneiros já chega há nove dias, e Santa Maria já sente os efeitos do protesto na economia da cidade. Hotéis sem movimento, funcionários parados e falta de matéria-prima preocupam empresários da indústria, comércio e hotelaria. Segundo o presidente da Associação de Hotéis, Restaurantes e Agências de Viagens (AHTurr), José Rafael D'Império, a paralisação comprometeu toda a rotina desta semana nos hotéis da cidade, que estão praticamente vazios. Ele diz que os restaurantes ainda lutam para manter a produção. Nesse setor, a maior preocupação é com o gás de cozinha, já que os estoques devem abastecer os estabelecimentos somente até este domingo.

- Eventos e estadias canceladas e impossibilidade de repor mantimentos são índices preocupantes. Não temos o que fazer. Somos reféns dessa situação - desabafa D'Império.

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A coordenadora de recepção do Hotel Itaimbé, Bianca Vasseur, conta que o movimento caiu em torno de 80%. Só nesta semana, mais de 30 reservas foram canceladas, além de cursos e outros eventos.

Em relação aos combustíveis, comprar gasolina com galões também não é tão fácil quanto parece. Coordenadora do Procon de Santa Maria, Márcia Rocha explica que só serão permitidas vendas com galões que estejam dentro das normas da Agência Nacional de Petróleo (ANP). Mesmo assim, não há quantidade suficiente para atender à demanda atual. Ela diz que a entidade não recebeu denúncias de abuso de preço, mas, sim, de falta de informações quanto às formas de pagamento em alguns postos de combustível.

- Se o posto só vende a dinheiro, tem que deixar essa condição exposta no estabelecimento. Algumas pessoas abasteceram e, quando foram pagar no cartão, não queriam receber - diz Márcia.

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A coordenadora recomenda que qualquer identificação de aumento abusivo de preços deve ser levada ao Procon, sempre com apresentação de nota fiscal. 

PREOCUPANTE  
Presidente do Moinho Santa Maria, que produz a farinha de trigo Maria Inês, José Antoniazzi afirma que o momento é preocupante para a economia local. Sem condições de escoar a produção, o empresário teve que dispensar cerca de 300 funcionários, que só voltarão ao trabalho quando a paralisação dos caminhoneiros terminar.  

- Há seis dias, paramos de carregar trigo em Santa Maria e, há três, em Canoas. Mais de 30 caminhões, que entregam nossa farinha para Minas Gerais, São Paulo e Santa Catarina, estão parados. Temos estoque, mas não temos como entregar - preocupa-se Antoniazzi.

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Para o empresário, a mobilização inicial dos caminhoneiros foi justa. Porém, quando a greve chega ao ponto de prejudicar o bem-estar geral da sociedade, já perde o sentido.  

Ainda segundo Antoniazzi, o aumento ne preço da farinha de trigo é inevitável na atual conjuntura. Do início até o final da greve, ele prevê um aumento de aproximadamente 40% no valor do produto.

- O preço evolui à medida que o valor da matéria-prima também aumenta. O trigo gaúcho acompanha a mesma variação do trigo argentino, que, de US$ 220 (cerca de R$ 820,6), passou a US$ 308 (R$ 1.148,8) a tonelada. Essa é uma realidade nacional.

COMÉRCIO E INDÚSTRIA

  • Segundo o presidente da Câmara do Comércio e Indústria de Santa Maria (Cacism), Rodrigo Décimo, o prolongamento da greve já causa desabastecimento na indústria e no comércio de Santa Maria. A falta de matéria-prima é geral, principalmente entre os setores moveleiros e de construção civil 
  • O gerente do Sindicato dos Lojistas do Comércio de Santa Maria (Sindilojas), Rafael Pacheco, diz que, no comércio, a tendência é faltar mercadoria a partir da semana que vem, já que as cargas de reposição não chegaram em Santa Maria
  • Nos Panifícios Imembuy, a situação também angustia. Gerente da padaria, Elaine Teixeira conta que vários ingredientes estão em falta ou muito caros, como ovos e carne, usados na produção de pães e pastéis, produtos mais vendidos no estabelecimento. Se continuar assim, ela acredita que só poderão vender o que já tem no estoque da padaria, nesse caso, itens não perecíveis
  • A operadora de caixa do River's Camobi, diz que ainda não faltou produtos, mas o movimento do restaurante diminuiu bastante na última semana em função da greve 

EVENTOS, TURISMO E HOTELARIA

  • De acordo com a diretora do Theatro Treze de Maio, Ruth Peréryon, apenas uma apresentação foi desmarcada. Nos demais dias, a lotação do Theatro tem sido completa 
  • Já nos hotéis, praticamente todos os eventos foram cancelados, e as reservas foram desmarcadas
  • Segundo o presidente da Associação de Hotéis, Restaurantes e Agências de Viagens (AHTurr), José Rafael D'Império, o abastecimento de gás é a principal preocupação dos donos de restaurantes na cidade. Estima-se que o produto só esteja disponível até este domingo
  • Segundo a supervisora da Planalto Turismo, Liane Comassetto, muitas pessoas remarcaram viagens de ônibus (excursões) e cancelaram reuniões, já que diversos voos foram suspensos em todo o país

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